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Schadenfreude: o lado oposto da compaixão

Schadenfreude – Quem nunca riu de um infortúnio?

Atualmente, observamos um verdadeiro boom sobre a compaixão como um sentimento nobre e um dos principais caminhos para alcançarmos uma humanidade mais justa, harmoniosa e igualitária. É claro que este movimento é maravilhoso e é, sem dúvida, o caminho adequado. Mas você já ouviu falar do oposto da compaixão? Você já riu da desgraça de uma outra pessoa? Quem não lembra das “vídeo-cassetadas”? Você já observou que a web está cheia de páginas que usam o infortúnio de pessoas famosas para atrair os internautas?  Muitos memes e gifs contém piadas em uma espécie de humor feito a partir de desastres e desgraças de terceiros. Situações lamentáveis, caso fossem vivenciadas por nós, mas que como acontecem com o outro, acabam se tornando uma “piada”. 

Há alguns anos pesquisadores vêm estudando esse prazer/alegria na dor do outro. Já ouviu falar de schadenfreude (fala-se chadanfróida)? Schadenfreude é o termo da língua alemã designado para essa satisfação no infortúnio alheio. Schaden (dano) + freude (prazer), significando "prazer ao dano", como o sentimento de prazer daqueles que fazem piada com situações difíceis e embaraçosas para quem as viveu, para quem ri da vergonha do outro. Schadenfreude é o oposto da compaixão e da empatia.          Ainda que exista em nós uma parte que sinta compaixão quando um amigo tropeça, por exemplo, é importante perceber que pode existir outra parte de nós que ri ou no mínimo fica aliviada por não ter acontecido a mesma coisa conosco. Existe um termo específico para designar algo que nos soa tão perverso e que isto faz parte da nossa natureza, apesar de não ser um sentimento nobre. Nomear auxilia a compreender a sensaçao e estimula a nossa capacidade de reflexão.

Dentre algumas explicações para o prazer de schadenfreude, está a dor emocional somada a um sentimento de inferioridade. Ao rir do outro, o indivíduo consegue um alívio da sua própria dor e deste sentimento desqualificado de si mesmo. Leach & Spears (2008) descrevem a inferioridade como mais central do que apenas a inveja da posição do outro, para a explicação de schadenfreude. 

Takahashi e colaboradores (2009), descreveram a ativação da área do cérebro denominada estriado ventral, nos indivíduos expostos a situação de schadenfreude. Esta área relaciona-se aos sistemas de recompensa cerebrais. O estudo descreveu as estruturais cerebrais relacionadas a este aspecto da natureza humana que parece ser mais comum do que desejaríamos. 

Ao mesmo tempo em que pensar sobre este lado pode nos envergonhar ter consciéncia da nossa experiência total é fundamental para que possamos responder da forma que realmente desejamos e que está de acordo com nossos valores. Não se trata de negar ou reprimir as emoções. É justamente o contrário. Aceitar para então para podermos transformá-las.

Marco Aurélio Mendes
marcomendespsicologia@gmail.com
Instagram: marcomendespsicologia
CRP 05/31952
Terapeuta e Supervisor certificado pela Sociedade Internacional de Terapia Focada nas Emoções. Terapeuta Certificado pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. Diretor do TFE Brasil

Wilson de Oliveira Lima
wilson.psic@gmail.com
Instagram: wilsonlimapsi
CRP 05/50422
Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário Celso Lisboa
Pós graduando em Terapia Cognitivo Comportamental pela CBI of Miami
Terapeuta Focado nas Emoções em formação, nível 1.

Fontes:

Takahashi H, Kato M, Matsuura M, Mobbs D, Suhara T, Okubo Y. When Your Gain Is My Pain and Your Pain Is My Gain: Neural Correlates of Envy and Schadenfreude. Science. 2009; 323(5916):937-939

Leach, C.W. & Spear, R. (2009). A vengefulness of the impotent . Jornal of personality and social psychology, v. 95 (6),1383-1396

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